Day 88: under construction
by Catarina Campos
De uma afirmação concreta – Hoje tenho reunião de obra no pavilhão – nasceu uma pergunta espontânea – Querem vir?
E nós lá fomos em formato equipa, desta vez, sem o (dispensável) GPS.
Dizem os mais sábios, que para uma só história há sempre, e pelo menos, duas versões.
Ora, na minha história (vamos fazer de conta que é a sério) equipámo-nos de botas grossas, capacete super ergonómico (ahahah) e colete refletor amarelinho (brilhante, bem brilhante) e entrámos, em passo sincronizado claro, pelo edifício a dentro transportando quilos de rolos de papel nas mãos (numa de imitar os arquitetos dos filmes). Depois disto, e sempre com o sorriso plantado no rosto, desatámos a dar opiniões e pareceres que foram totalmente aceites por todos os intervenientes.
Na história verdadeira fomos vestidos como estávamos antes e debaixo do braço levámos apenas umas folhas A4, já que a informação que necessitávamos se conseguia perfeitamente resumir nesses pedaços de papel. Os vários intervenientes foram bastante recetivos, principalmente por deixarem duas colaboradoras inexperientes em obra assistirem a tudo, inclusivé a grande parte da reunião. As opiniões de arquitetura foram dadas tendo sempre em atenção os vários contornos da obra e os gostos de todos. Nem todas foram aceites, mas resolveram-se todos os problemas (pelo menos por agora).
Moral da(s) história(s): Nem sempre a realidade é tão “criativa” e “bonita” como a podemos imaginar, mas a visita ajudou-nos (colaboradoras) a aprender mais um bom bocado e a conhecer um pouco deste lado mais “humano” do que é ser-se arquiteto. Numa reunião, quer seja na fase de projeto, quer seja na fase de obra, nem sempre é fácil chegar a acordo e decidir qual a melhor opção por entre todas as opiniões dadas, mas se há quem diga que duas (ou mais) cabeças pensam melhor que uma, é porque temos sempre algo a aprender com toda a gente, mesmo quando à primeira vista, isso não nos pareça possível.
É por isso que quando uma qualquer pessoa (que não estudou arquitetura) quiser opinar qualquer coisa, devemos ouvir com olhos de pensar. Afinal de contas, nem todos somos políticos ou jogadores de futebol. Não é verdade?